quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Queria ser uma nuvem

Eu queria ser uma nuvem
E no céu imenso gostaria de me perder
Sentindo a indiferença do vento
No que passa e não pára por mim
E ainda no que fica e não está
Nos momentos e no tempo que me alucinam
Nas ideias que me povoam a mente
E parecem não estar mais fora de mim
Mas apenas e tão só em tudo o que penso
Na imaginação dos compassos de espera
Presenças indiferenças descontinuadas
E por aí me perco de novo
Do que é importante
Do que sou e não estou
Que sempre não sei o que quero
E nas atitudes da vontade me espero
Indo para longe de mim eu entendo
Espero o encontro do meu caminho
O destino do que resta de mim
Por aí... perdido... encontrado... ou não
Preocupo-me ou não com essas coisas
Com tudo o que me rodeia e me perde
Até nos sentidos que espero e entendo
Ou talvez mesmo naqueles que não quero
Naqueles cantos que me irritam os ouvidos
Nos espaços onde estou e fico ou vou
Não sou eu que me espero ou encontro
Serei a imagem que gostaria
Mas ainda não por agora
Talvez que um dia lá chegue...
Sem nome, sem identidade sem saber como até
O importante é o destino não a viagem
O que espero e quero do que sou e serei
Em todas as minhas vontades, desejos, respiro
Que terá sido a minha fortuna
O que gostaria eu de sonhar e ter e ver
Sentir até tudo de uma vez só
Para sempre o que me reste ser
E viver e sonhar e esperar e voltar
Ao ponto de partida do que fui
Até à chegada do que conseguirei ser
E o que espreito por aí em cada esquina
Diz-me que o encontro é meu e de mais ninguém
Nada me espera no fim do caminho
A não ser o som das minhas próprias palavras
Dos sons que agora me soam nos ouvidos
E me inebriam completamente os sentidos
Por aí vou em desenfreada corrida
Ao encontro do que não sei que me espera
Mas cansei-me de ficar à beira da estrada
Parar deixou de fazer sentido
Para quê os momentos de vagar e pensar
Se depois acabo por não resistir ao que sou
Ao que quero sempre e me envolve
Em todos os sons que me revolvem
Me embriagam os olhos, ouvidos,
E me prendem os dedos na fúria do que toco
Seria enorme o final desta história
Mas parar não faz mais sentido
Preciso de avançar e avançar e avançar
E no tempo que deixo para trás
Até de mim esqueço por vezes
Esqueço-me que existo e preciso de mim
Para quê a vontade e a madureza
Se é o desejo em mim que comanda
E diz que direcção tenho eu que seguir
Eu sei que o caminho é o certo
E os passos acertados não sei se os darei
Mas andar de mãos dadas com o destino
Essa é a ideia mais calorosa que tenho de mim
A que melhor me sabe ter e me faz sorrir
Num bem estar que me aquece o íntimo
E me dá a Paz que tanto busco por aí.