sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Save me

O meu mundo estremeceu novamente. Com uma violência tão grande que me saltou o coração da boca, o cérebro da cabeça e a alma do corpo. Hoje voltei ao fundo. Sozinho. Pequeno.
Foi contigo que recuperei os sentidos numa altura em que me sentia em queda livre. Agora sinto-me a perder os sentidos outra vez e a recuperar a velocidade da queda.
As minhas palavras sempre foram mudas para ti. Mesmo quando gritava, gesticulava e me contorcia. Mas, para mim, as palavras sempre foram a melhor forma de dizer aquilo que a minha alma carregava e tu ignoravas. As palavras sempre foram o meu refúgio, porto de abrigo... Era o que sentia ao dar-me a elas, quando na verdade o deveria sentir contigo, ao dar-me a ti. Mas não... Para ti nasci mudo, cresci mudo e neste preciso momento permaneço mudo.
Continuarei mudo. Tornar-me-ei cego. Fingir-me-ei de surdo. Até que percebas que um dia eu te falei. Que um dia te contei os meus medos, os meus sonhos, as minhas alegrias, as minhas tristezas. Até que entendas o tanto que te disse e tu simplesmente rejeitaste, ignoraste, não compreendeste e não assimilaste.
Há alturas em que me sinto pequeno, como que enrolado e escondido a um canto. Com medo. Assustado. Angustiado. À espera de dias melhores. Na dúvida. Na incerteza.
Há alturas em que nada faz sentido. Em que me sinto perdido. Revoltado. Amargurado. Magoado. Ignorado. Incompreendido. À espera de dias melhores. Na angústia. Na tristeza.
Há alturas em que não me sinto.
Já não vivo como dantes. Já não sinto como dantes. Já não sonho como dantes.
Tenho uma bolha de ar a encher-me o corpo e a levar-me todos os dias para algum lugar, sem que eu me importe, sem que eu recuse.
Tenho a cabeça em água. Água de rio, que corre e me leva os pensamentos sem que eu os possa ou queira apanhar. Já não sei lutar contra a sua corrente.
Tenho o peito, outrora cheio, inchado. É pesado o que lá guardo, nada consigo fazer para o apertar até sair de lá de dentro tudo o que me faz mal.
Tenho um nó na garganta, um peso nos olhos e um corpo carente.

Que cada palavra minha dirigida a ti se torne muda aos meus ouvidos, para que não mais ouça o que ainda trago cá dentro.

2 comentários:

  1. Lindo +.+
    Nem sei onde é que arranjas tantas palavras para conseguires criar um texto destes.
    continua assim :) bjzzzz

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  2. Bom, em primeiro lugar, ainda não conheço todos os cantos da língua portuguesa, mas com palavras tam acompasadas é difícil perderse sem esboçar um sorriso.

    Obrigada pela satisfação que me ofreceu a leitura,e desculpa os erros da minha escrita.

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